20/11/2008

Nem tudo o que dá certo é certo!

Por Lourenço Stelio Rega

É normal pensarmos que tudo que dá certo é bom. Nos dias de hoje, o sucesso é tido como paradigma de aprovação. Assim, se a sala de aula está cheia, é sinal de que o professor é competente. Se a empresa está lucrando, significa que seus produtos e serviços têm qualidade. Igreja lotada é sinônimo de ministério abençoado. Mas, será mesmo?

O problema é quando aplicamos esta mesma lógica para o campo da ética. O caso do famigerado mensalão é típico. Para que projetos de leis ou interesses de grupos fossem aprovados em Brasília, descobriu-se que valores eram generosamente distribuídos a parlamentares para que votassem favoravelmente. Vejam que coisa: para que as leis fossem aprovadas, era preciso descobrir meios que eliminassem as chances de derrota no plenário.

Enquanto o esquema funcionou, tudo era "correto" – as leis eram aprovadas e cada um recebia a sua parte. Mas alguém entrou em prejuízo – no caso, o ex-deputado Roberto Jefferson –, então houve a denúncia e o efeito dominó aconteceu. Caíram parlamentares, empresários e assessores palacianos. A mesma lógica funcionou no caso do ex-presidente Collor, do ex-juiz Lalau e de tantos outros (daria um grande e extenso "etecétera"). Cabe a pergunta: será que as coisas, no Brasil, só vêm à tona quando alguém deixa de receber algo?

E não é apenas nas altas esferas do poder – na nossa vidinha comum, casos de gente pega com a mão na botija são inúmeros. Quem nunca ouviu falar do funcionário que apresenta notas fiscais mais altas do que as despesas que fez para reembolso? Nos restaurantes e nas corridas de táxi, ele sempre pede comprovantes de valores mais altos; afinal, os tempos estão bicudos e é preciso encontrar maneiras para sair do sufoco. Ele vai se dando bem, até o dia em que é descoberto e vai para o olho da rua com a ficha suja.

E o marido que vive um caso extraconjugal, escondendo a situação da família durante anos a fio? Um belo dia, um telefonema indiscreto, ou um bilhete perdido no paletó, põem a farsa por água abaixo. Ou o casal de namorados que esconde dos pais que já têm vida sexual até o dia que a menina aparece grávida?

Todas são situações em que tudo parecia dar certo, apesar das flagrantes transgressões e da falta de ética dos envolvidos. Logo, nem tudo que dá certo, ou que funciona por um tempo, é correto. Qual é a fonte de nossa ética? Ela é orientada pela funcionalidade ou por princípios que sinalizam se nossos atos estão certos ou não?

Esta ética pragmática só pode ser fruto de um caráter deformado que desconsidera que a verdade tem de ser compatível com a realidade e não com a conveniência e com os resultados. Sem dúvida precisamos buscar resultados, mas os que são compatíveis com a justiça, com a verdade e retidão.

Deixemos de lado o pragmatismo e sigamos os princípios da Palavra de Deus. Somente assim nossas atitudes e decisões serão essencialmente certas.


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