25/12/2010

13/12/2010

Alagamento em Araguaína

Em pouco mais de uma hora e meia de chuva torrencial, Araguaina conheceu uma das maiores enchentes dos últimos 20 anos. A chuva começou após as 13h do domingo, 12, e causou alagamentos sobretudo nas ruas e avenidas marginais aos córregos que cortam a cidade. O problema é antigo e nos últimos três anos tem se agravado com inundações cada vez maiores.

No centro, a Marginal Neblina foi totalmente tomada pela água, interrompendo o trânsito de veículos e pedestres. Casas às margens do córrego foram inundadas. Em alguns pontos, o nível da água atingiu mais de um metro de altura.
Mesmo depois que a chuva passou, alguns pontos permaneceram alagados com perspectiva de o nível da água baixar somente durante a noite.  O Corpo de Bombeiros foi bastente acionado para socorro aos flagelados. O Samu  - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – teve suas atividades parcialmente prejudicadas pela inundação que tomou conta do prédio.
Aqui no blog já denunciei outras enchentes em 2008 e 2009. Nada, absolutamente nada foi feito pelo poder público desde então. Nenhum gestor sequer pensou em discutir o assunto. Para todos os que já passaram pela Prefeitura, ante a inexistência de qualquer proposta para sanar as enchentes, o problema não existe.



Fotos - jjLeandro -
Rua Paranaíba

 Moradores deixam casas alagadas

Água invade o SAMU

 Cachoeira na Marginal Neblina

 A pracinha sumiu debaixo d'água

 Cruzamento da Marginal Neblina com Av. José de Brito

 Ponto alagado na Marginal Neblina

 Rua ou rio?

Alagamento com mão dupla

Marginal Neblina intransitável

Carro enguiça em alagamento

Moradores tiveram residências alagadas próximo ao córrego Neblina 

Bombeiros prestam socorro

Linques no blog de outras enchentes:


Fonte: Blog de jjLeandro

09/12/2010

Boletim da Câmara Federal

Manchetes do dia



ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA



AGROPECUÁRIA



ASSISTÊNCIA SOCIAL


CIDADES



CIÊNCIA E TECNOLOGIA



CONSUMIDOR



DIREITO E JUSTIÇA



ECONOMIA



EDUCAÇÃO E CULTURA



POLÍTICA



Fonte: Agência Câmara

Para brasileiros, corrupção aumentou

Para 64% dos brasileiros, corrupção aumentou
nos últimos anos, diz Transparência Internacional

"Percentual de brasileiros que veem aumento da corrupção fica abaixo dos de países como Estados Unidos, Alemanha, Grã-Bretanha e França"
Apenas 4% dos entrevistados no país dizem ter pago propina no último ano
A corrupção no Brasil aumentou nos últimos três anos, na opinião de 64% dos brasileiros entrevistados em uma pesquisa realizada pela ONG Transparência Internacional.
De acordo com o levantamento Global Corruption Barometer ('Barômetro da Corrupção Global', em inglês), 27% dos brasileiros acham que a corrupção se manteve estável nos três últimos anos, enquanto 9% acreditam que ela diminuiu neste período.
O percentual de brasileiros que veem um aumento da corrupção fica abaixo do de países como Estados Unidos (72%), Alemanha (70%), Grã-Bretanha (67%) e França (66%).
O país onde o maior número de pessoas percebeu aumento da corrupção foi Senegal, com 88%. O menor índice é da Geórgia, com apenas 9%.
Na média dos países latino-americanos pesquisados, 51% das pessoas afirmam que a corrupção aumentou nos últimos três anos, enquanto 37% acham que ela se manteve estável e 11% acreditam que ela teve uma redução no período.
A pesquisa, realizada em 86 países, aponta que, em termos globais, 56% dos entrevistados acham que a corrupção aumentou nos últimos três anos. Para 30%, ela permaneceu igual, e para 14%, ela diminuiu.
A maioria dos brasileiros entrevistados acredita que os partidos políticos e o Poder Legislativo são as instituições mais propensas a ter corrupção. Em uma escala de 1 (nem um pouco corrupto) a 5 (extremamente corrupto), tanto os partidos quanto o Legislativo ganharam uma nota média de 4,1.
Em seguida, vem a polícia (3,8) e o Judiciário. A instituição tida como menos corrupta pelos brasileiros são as Forças Armadas (2,4).
Ainda de acordo com o estudo, 54% dos brasileiros acreditam que as ações do governo contra a corrupção são ineficientes, contra 29% que veem as atitudes como eficientes e 17% que acreditam serem indiferentes.
Foram entrevistadas 83,7 mil pessoas em 86 países. No Brasil, a amostra foi de mil pessoas, consultadas em diferentes cidades do país.

Pagamento de propina -Entre os brasileiros entrevistados, 4% dizem ter pago propina em pelo menos um entre nove serviços no último ano. Com este número, a Transparência Internacional coloca o país em uma relação de nações menos afetadas pelo pagamento de suborno, todas com índices abaixo de 6%.
O percentual do Brasil neste critério é o menor entre os países da América Latina, bem atrás da Argentina, país colocado logo acima na lista, com 12%. Na média, 23% dos latino-americanos dizem ter pago algum tipo de propina no último ano.
Os setores listados neste quesito são sistema educacional, médico, Judiciário, polícia, serviços de registro e licenciamento, serviços públicos (como água, luz e saneamento), autoridade fiscal, serviço agrário e alfândega.
Entre todos os países pesquisados, a média de pessoas que alegam ter pago propina é de 25%. O país com o maior índice é a Libéria (89%), enquanto o menor fica com Noruega e Reino Unido, ambos com 1%.
Na América Latina, o Judiciário aparece como o setor para o qual houve maior pagamento de propina (23%), seguido por polícia (19%) e alfândega (17%). O menor índice fica com autoridades fiscais (8%).
Em todo o mundo, a polícia aparece como a instituição que mais recebeu suborno dos entrevistados: 29% na média global. Em segundo, vêm serviços de registro e licenciamento (20%). As autoridades fiscais têm o menor percentual de recebimento de propina em termos globais, com uma média de 4%.
Entre os latino-americanos, 44% dizem ter pago propina para acelerar processos. Em termos globais, o maior percentual dos pesquisados (44%) afirma ter pago suborno para evitar problemas com as autoridades.

Ações contra corrupção - De acordo com o 'Barômetro da Corrupção Global', 69% dos entrevistados em todo o mundo acreditam que as ações de pessoas comuns pode fazer uma diferença no combate à corrupção.
Já 71% das pessoas dizem que apoiariam seus colegas e amigos caso eles combatam atos corruptos. No entanto, menos da metade (49%) afirmam que se engajariam em lutar contra a corrupção.
A Transparencia Internacional saúda a 'energia e comprometimento' das pessoas no sentido de lutar contra a corrupção, mas afirma que 'a busca por transparência e mecanismos de integridade' deve ser intensificada em todo o mundo.

Fonte: BBC Brasil

08/12/2010

Ilusão de ótica

E se Jesus tivesse nascido em 2010?

E se Jesus tivesse nascido em 2010?

Dom Pedro Casaldáliga: Mensagem de Natal

Hoje, ainda em ritmo das mensagens de Natal, reproduzo texto enviado pelo bispo emérito da Plelazia de São Félix do Araguaia (MT), Dom Pedro Casaldáliga a um amigo e colega de trabalho, o poeta Paulo Aires.

Texto profundo, que promove reflexão e que vale a pena ser reproduzido...

Eis o texto, em forma de imagem (cartão)...

(Clique na imagem para vê-la maior)


Fonte: email enviado por Paulo Aires, reproduzido com permissão

07/12/2010

Natal: Jesus ou Papai Noel

O excelente artigo que disponibilizo hoje para vocês, caros amigos e leitores do blog, tem a ver com o Natal e o seu real sentido. Escreve aqui (reproduzido da revista Caros Amigos), nada menos que Frei Betto...

Sem mais delongas, ei-lo (o artigo) abaixo...

----

19/11/2010

NATAL:
Jesus ou Papai Noel?

Por Frei Betto (*)

Aproxima-se o Natal. Curioso como, numa sociedade tão laicizada como a nossa, na qual predomina a tendência de escantear a religião para a esfera privada, uma festa religiosa ainda possa constituir um marco no calendário dos países do Ocidente.
Há nisso uma questão de fundo: o ser humano é, por natureza, lúdico e sociável, o que o induz a ritualizar seus mais atávicos gestos, como alimentar-se ou se relacionar sexualmente. Além de elaborar, condimentar e enfeitar sua comida, o que nenhum outro animal faz, o ser humano exige mesa e protocolo, como talheres e a sequência prato forte e sobremesa.
No sexo, não se restringe ao acasalamento associado à procriação. Faz dele expressão de amor e o reveste de erotismo e liturgia, embora o pratique também como degradação (prostituição, pornografia e pedofilia) e violência (jogo de poder entre parceiros).
O Carnaval, como o Natal, era originariamente uma festa religiosa. Nos três dias que antecedem a Quaresma, período de jejum e abstinência recomendados pela Igreja, os cristãos se fartavam de carnes – daí o termo Carnaval, festival da carne. Resume-se, hoje, a uma festa meramente profana, onde a carne predomina em outro sentido...
Essa transmutação ocorre também com o Natal. Por ser festa de origem cristã, para celebrar o nascimento de Jesus, a sociedade laica a descaracteriza pela introdução da figura consumista de Papai Noel. O que deveria ser memória da presença de Deus na história humana, passa a ser mero período de miniférias centrada em muita comilança e troca compulsiva e compulsória de presentes.
Daí o desconforto que todo Natal nos traz. Como se o nosso inconsciente denunciasse o blefe. Sonegamos a espiritualidade e realçamos o consumismo. Ótimo para o mercado. Mas o será também para as crianças que crescem sem referências espirituais e valores subjetivos, sem ritos de passagem e senso de celebração?
Longe de mim pretender restaurar a religiosidade repressiva do passado. Mas se há algo tão inerente à condição humana, como a manutenção (comer) e a procriação (sexo) da vida, é a espiritualidade. Ela existe há cerca de um milhão de anos. As religiões são recentes, surgiram há menos de dez mil anos.
Se a espiritualidade não é fomentada na linha da interiorização subjetiva e da expressão de conexão com o Transcendente, ela corre o sério risco de, apropriada e redirecionada pelo sistema, cair na idolatria de bens materiais (patrimônio) e de bens simbólicos (pretígio, poder, estética pessoal etc). Talvez isso explique por que a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas similares a catedrais pós-modernas...
Já não são princípios religiosos que norteiam a nossa vida. Desestimulados ao altruísmo e à solidariedade, centramos a existência no próprio umbigo - o que nos certamente explica, na expressão de Freud, "o mal-estar da civilização", hoje acrescido desse vazio interior que gera tanta angústia, ansiedade e depressão.
Com certeza o Natal é ocasião propícia para, como propôs Jesus a Nicodemos, nascer de novo...

(*) Frei Betto é escritor, autor de "Um homem chamado Jesus" (Rocco), entre outros livros.

06/12/2010

Clipping Jurídico - 06/12/2010


Fonte: Última Instância

Artigo: "Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro"

Neste artigo, Sylvio Guedes, editor-chefe do Jornal de Brasília, critica o "cinismo" dos jornalistas, artistas, políticos e intelectuais ao defenderem o fim do poder paralelo dos chefes do tráfico de drogas. Guedes desafia a todos que "tanto se drogaram nas últimas décadas que venham a público assumir: Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro".

Leia o artigo na íntegra:

É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro.
Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas.
Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente. Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon. Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias.
Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco. Sem falar nas reuniões dos barões políticos municipais, estaduais e federais. E sempre contando com a complacência da polícia cooptada.
Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca - e brasileira, por extensão.
Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato. Festa sem cocaína era festa careta.
As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.
Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou.
Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas.
Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastacuera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade. Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado.
São doentes os que consomem.
Não sabem o que fazem.
Não têm controle sobre seus atos.
Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.
Que a mídia, os artistas, os políticos e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir: "Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro."
Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes...

Celular flutua enquanto carrega...

A capacidade inventiva do ser humano me fascina.
É incrível como a cada dia que passa, coisas antes impensáveis tornam-se realidade.
Estamos vivendo continuamente algo que para nossos pais, e até mesmo para os que são um pouco mais experientes, estava apenas nos livros de ficção científica.
A última é esta notícia abaixo...

Fonte da imagem: Divulgação do fabricante


O estúdio coreano Metatrend criou um celular conceito que está deixando muitos designers impressionados: através de um sistema de magnetismo, o telefone é capaz de flutuar enquanto está no carregador de bateria, que não utiliza nenhum fio para conectar-se ao aparelho.
Quando colocado em sua base, fortes imãs fazem com que ele fique suspenso, garantindo um visual arrojado para o telefone. O sistema de integração transmite as informações presentes na tela do celular para que apareçam na parte superior do carregador, que ainda permite que o smartphone gire rapidamente no ar caso receba alguma ligação enquanto efetua a recarga.
A interface de seu sistema operacional foi inspirada no iPhone e em aparelhos com Android, porém, não são dados maiores detalhes a respeito de seu funcionamento. Os criadores aguardam empresas interessadas em investir na fabricação desta nova tecnologia.

Fonte: Baixaki

02/12/2010

Reportagem desastrada!

Nem precisa de tradução!
Dá pra imaginar o tamanho do trabalho que o cidadão teve para terminar a obra de arte... Então vem um repórter, empolgado e desastrado e...
Veja o vídeo...


Fonte: Youtube

01/12/2010

Evite micos na Língua Portuguesa!!

Como evitar o mico

Os tropeços de grafia, regência e concordância que ,mais comprometem a nossa imagem

O exército dos efraimitas, uma das 12 tribos de Israel, cruzou o rio Jordão para enfrentar Jefté, o chefe militar de Gileade. Exigia de Jefté o direito de dividir a glória - e, por óbvio, a pilhagem - da guerra amonita, mesmo sem ter participado do combate. Em resposta, o general abriu guerra. Venceu. Em fuga, os efraimitas tentaram cruzar o Jordão, de volta para casa. Deram de cara com os homens de Jefté, que tinham ordens de executar os fugitivos.
E é então que o episódio bíblico, contido no Livro dos Juízes (12,6), do Antigo Testamento, abandona a esfera da lenda para maravilhar a ciên­cia da linguagem.
Para peneirar a fronteira, os gileaditas obrigaram cada passante a dizer a palavra "chibolete" (transliteração de "espiga" em hebraico), que sabiam de difícil pronúncia a quem usasse o dialeto da tribo de Efraim. Dito e feito: os efraimitas foram constrangidos a passar pelo teste. Por mais que evitassem, enunciavam "sibolete". Ao todo, 42 mil foram mortos no ato, à medida que articulavam a palavra.
O relato virou uma metáfora do idioma como marca de identidade (o mais famoso chibolete português é o ditongo nasal "ão", impronunciável por estrangeiros). Principalmente, o caso mostra como denunciamos quem somos pelo modo como nos expressamos. A imagem que esperamos imprimir sobre nós mesmos está, sempre, ligada à forma como articulamos a linguagem, ao domínio do sistema da língua e às variantes do idioma que adotamos em cada situação comunicativa.
Quando falamos, temos a ilusão de achar que comunicamos só um conteúdo intencional, mas há outras informações transmitidas enquanto se fala. Não diz apenas aquilo que diz (desculpe o truísmo) quem fala "probrema" ou "a nível de", apela para o gerundismo ("vou estar providenciando") ou tropeça na concordância do verbo "haver" ("houveram reuniões em que nada se decidiu").

Uma parte do que dizemos de nós mesmos ao enunciarmos algo revela o nosso ponto de observação do mundo. Quem muito emprega expressões como "comportamento proativo", por exemplo, sinaliza que compartilha o universo de referência dos treinamentos empresariais e "entrega" o jogo sobre quem é. Pode fazer isso de forma deliberada, consciente. Em boa parte das vezes em que nos expressamos, no entanto, emitimos sinais involuntários de nossa formação e domínio do idioma. Se desarmados de intenção retórica, quando falamos revelamos muito ao dizer qualquer coisa, simplesmente somando significados ao sentido literal.

Assim, quem dirige a alguém palavras doces transmite 1) o significado literal de seu enunciado + 2) sua capacidade de ser doce. Tal como aquele que, ao usar um dado tom de voz (enfadonho, magnetizante, irritante), imprime ao que diz uma imagem de pessoa chata ou interessante.
O problema é quando a enunciação é marcada por cacoetes de linguagem usados à exaustão num dado ambiente e por incorreções gramaticais que põem a perder a boa imagem - construída ou apenas desejada - do falante ou redator. Quem desrespeita uma convenção ortográfica, por exemplo, dá mostras de ser 1) mal alfabetizado e 2) displicente - e, com isso, projeta para si 3) uma imagem de despreparo em outros campos, não só o da língua.

Do mesmo modo, quem incorre em vícios de linguagem típicos de uma atividade pode sinalizar uma falta de criatividade e versatilidade expressiva. Se for assim interpretado, sua mensagem pode ter o destino dado àquele ofício, que outra lenda (esta nacional) garante ter sido recebido pelo então ministro da Educação Jarbas Passarinho (1969-74).


Entrega
Na anedota, o reitor de uma universidade teria começado sua solicitação com deferências a Passarinho, a quem chamou de "iminente ministro". Fosse mais atento e o redator teria corrigido "iminente" (prestes a realizar-se) por "eminente" (importante, excelente, elevado). Não o tendo feito, foi simplesmente ignorado pelo ministro - e consta que com alegação irônica: "Ele deveria saber que já fui nomeado".
A pessoa se entrega pelas palavras que enuncia e pela sintaxe que adota. Ao ouvir a frase "Não esquece de levar a vitrola" deduzimos que ela é dita por alguém sexagenário, para quem o artefato tenha tido presença forte na paisagem social de sua juventude. "Não esquece de levar o som" traz o mesmo sentido, mas o ethos (perfil social) do usuário da língua é diferente. Do mesmo modo, quem escreve ou enuncia uma frase como "Viajei anexo ao chefe de departamento", no sentido de "viajei ao lado dele", criou uma engenharia sintática que não tem necessariamente garantia de ser entendida, o que o põe em suspeição.
Dizer é criar uma imagem social de si mesmo. O sentido é construído pela seleção e combinação de palavras. E, ao selecionar as palavras, a pessoa dá mostras de seu universo de referência, do lugar social de onde procede, suas preferências ideológicas e até de seu gosto estético. O jornal ou revista que noticia:
"Baderneiros invadem propriedades na zona leste" faz uma seleção lexical que toma posição diferente da do veículo de comunicação que enuncia:"Desabrigados refugiam-se em terrenos baldios da zona leste".
Em um e outro caso, o redator denuncia o próprio perfil, mais ou menos tolerante. Longe das esferas ideológicas, a imagem social do usuário do idioma é que está em jogo quando ele, por exemplo, tropeça no idioma ou carrega um arsenal de cacoetes de linguagem que se revela micado por interlocutores mais exigentes - um risco se o interlocutor em questão for um superior hierárquico ou um potencial empregador. Uma das razões para a ruína de uso de expressões como "a nível" foi o fato de ela indiciar um grupo social pouco prestigiado.
Escrever e expressar-se com versatilidade torna a vida em sociedade mais ágil e objetiva. Evitar "micos" gramaticais socialmente condenados pode fazer diferença profissional, por exemplo, porque aumenta a capacidade de negociação com clientes e fornecedores, ajuda a orientar reuniões e a defender ideias. Comunicar-se bem preserva a credibilidade que se deseja ter em um dado ambiente social. Seguir alguns conselhos - como os destas páginas - pode ser de ajuda nas situações formais de comunicação que vivenciamos.


Micos de grafia
EQUÍVOCO CORREÇÃO
Advinhar Adivinhar
Ascenção Ascensão
Apropiado Apropriado
Beneficiente Beneficente
Distoar Destoar
Excessão Exceção
Encapuçado Encapuzado
Frustado Frustrado
Flagrância Fragrância
Impecilho Empecilho
Paralizar Paralisar
Pertubar Perturbar
Previlégio Privilégio
Xuxu Chuchu

Micos de concordância e regência
O PROBLEMA O EQUÍVOCO A CORREÇÃO A EXPLICAÇÃO
Fazer "Fazem" dez meses. "Faz" dez meses. Se "fazer"exprime tempo, é impessoal.
Haver "Houveram" muitos fatos. "Houve" muitos fatos. "Haver", no sentido de "existir",
é invariável.
Ver/vir Se eu "ver" você por aí... Se eu "vir" você por aí... A conjugação é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver.
Existir "Existe" muitas crianças. "Existem" muitas crianças. "Existir", "bastar", "faltar", "restar" e "sobrar" admitem normalmente o plural.
Mim/eu Para "mim" fazer. Para "eu" fazer. "Mim" não faz, porque não pode ser sujeito.
Entre Entre "eu" e você. Entre "mim" e você. Depois de preposição, usa-se "mim" ou "ti".
Redundância com "haver" "Há" dez anos "atrás". "Há" dez anos / Dez anos "atrás". "Há" e "atrás" indicam passado na frase.
Preferir Preferia ir "do que" ficar. Preferia ir "a" ficar. Prefere-se uma coisa a outra.
Chegar + preposição Chegou "em" São Paulo. Chegou "a" São Paulo. Verbos de movimento exigem "a", e não "em"
Chegar + Haver Chegou "a" duas horas e
partirá daqui "há" cinco minutos.
Chegou "há" duas horas e partirá daqui "a " cinco minutos. "Há" indica passado e equivale a "faz", enquanto "a" exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz).
Manter Se ele "manter" o acordo, teremos otimos resultados. Se ele mantiver o acordo,
teremos otimos resultados.
A conjugação é: Se eu/ele mantiver
Propor Quando eles "proporem"
o valor...
Quando eles propuserem o
valor...
A conjugação é: Se eu propuser etc.
Implicar Implicou "em" três etapas. Implicou três etapas. No caso, "implicar" rejeita preposição.
Meio Ela era meia louca. Ela era meio louca. "Meio", advérbio, não varia.


Micos da semelhança
PROBLEMA EXPLICAÇÃO
DE ENCONTRO A

x

AO ENCONTRO DE
e encontro a = Contra.


Ao encontro de = Na direção de;

De acordo com.
AO INVÉS DE

x

EM VEZ DE
Ao invés de = Ao contrário

Em vez de = Em lugar de
DESCRIÇÃO x DISCRIÇÃO Descrição = Ato de detalhar como algo é ou foi.

Discrição = Qualidade de discreto,


recatado e sensato
ESTADA X ESTADIA Estada = Ato de permanecer.

Estadia = Estada por tempo limitado.
ONDE X AONDE "Onde" = Em que lugar

"Aonde" = Para onde.


Micos que viram vício
  • Ambiguidade - Quando o sentido não fica claro, com enunciado com mais de um sentido: "O pai o filho adora" (quem adora quem?)
  • Cacofonia - Sequência de palavras que provoca som de uma expressão ridícula ou obscena: "Por razões de segurança". "Por cada etapa, ganharemos muito".
  • Plebeísmo - Uso de termos que demonstram falta de instrução ou variedade vocabular: "tipo assim", "a nível de", "meio que", "enfim" (como interjeição), gerundismo ("vou estar planejando").
  • Tautologia - Repetição
    desnecessária de ideia ou termo já enunciado: "critério pessoal", "encarar de frente", "planejar antecipadamente", "criar novos empregos", "acabamento final".


Micos sintáticos
OCORRÊNCIA O PROBLEMA
Viajar anexo Usado no sentido de viajar "ao lado de alguém".
Nunca "lhe" vi. O pronome lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: nunca o vi / não o convidei / a mulher o deixou / ela o ama.
"Aconteceu" muitos casos de reclamação de clientes. "Segue" os documentos necessários para o cadastro. "Fica" estabelecido as seguintes alterações. Na fala, o verbo anteposto ao sujeito nem sempre é assinalado. Por escrito, pega mal não fazer a concordância. Por isso: Aconteceram muitos casos... Seguem os documentos... Ficam estabelecidas

as seguintes alterações.

Micos do lugar-comum
Agenda positiva (Exame de um problema ou tentativa de acordo, em geral político, com base nos aspectos positivos da questão para os interessados.)
Agregar valor (Expressão vaga; algo como "juntar benefícios" - acabamento ou algo mais - a bem primário ou semiprimário.)
Aterrissar (Papéis e contratos na mesa). Tolice exagerada.
Atingir em cheio (Conseguir o objetivo plenamente, atingir o alvo, se concreto.)
Como um todo (O nome da coisa já é a coisa toda.)
Consumidor final (E o consumidor medial ou inicial?)
Continuar ainda (Por que o "ainda"?)
De braços cruzados (Em greve. Raras notícias sobre greve deixam de registrar, cansativamente, que os trabalhadores estão "de braços cruzados".)
Detalhe importante e pequeno detalhe (Contradição: detalhe é insignificância; e redundância: detalhe já é pequeno.)
Em função de (Por causa de.)
Fazer uma colocação (Apartear, falar, perguntar, interpelar, discordar).
Sofrer (No sentido de "receber" e sinônimos: Sofrer aumento, sofrer manutenção, sofrer cuidados. Ninguém "sofre" tais coisas).


Fonte: Revista Língua

Olho nú

Hehehehehe

É estranho reproduzir algo meu no blog dos outros... 
Mas é o que ocorrerá sempre que for postar minhas produções literárias...
Parece algo meio besta - não usar meu blog para publicar minhas ideias pseudoliterárias - mas é algo meu...

Segue, abaixo, poema de nossa culpa, publicado no blog da amiga Inez.

Olho Nú

Por Samuel Lima



Não uso óculos escuros.
Quero deixar expostas as
olheiras de noites bem ou
mal dormidas.
Deixar expostas as ramelas
da insônia que clama pela
consciência da madrugada.
Não preciso enegrecer a
vista para escoimar a
realidade; quero a luz
cegante irrompendo retina
adentro, e acordando a alma.

O jornalista Samuel nos enviou este poema e como este é espaço é de todos. Obrigada meu amigo querido.

Fonte: Blog da Inez