08/06/2009

O Filtro - segunda-feira, 8 de junho de 2009

1. Navegando num mar de destroços Foi assim que os integrantes da fragata Constituição, que participa das buscas de destroços do Airbus da Air France, definiram a região em que se encontram. As buscas se intensificaram e chegaram a uma área onde há uma grande quantidade de vestígios da aeronave, 70 quilômetros a oeste do ponto em que o Airbus fez seu último contato. Era de esperar que corpos fossem encontrados junto aos destroços: até ontem, 17 foram resgatados, mas ainda não identificados. A descoberta das vítimas está provocando diferentes reações nos familiares (o que é compreensível), relata O Globo. Mãe de uma passageira, Isa Furtado afirma: “Queria que deixassem minha filha onde ela está. É muito doloroso esse resgate.” As buscas pela caixa-preta, parte fundamental no esclarecimento das causas da queda, ganharão um reforço na quarta-feira, informa o diário Le Monde, com a chegada do submarino Emeraude, que tentará localizar os registros do voo por meio de sonares. Mas a Marinha francesa é realista: será preciso muita sorte.

2. Sensor de velocidade já falhara 2 vezes em aviões da Air France Entre as hipóteses levantadas a respeito do que teria provocado a queda do Airbus, vai ganhando força a suposta influência das sondas medidoras da velocidade aerodinâmica do avião, chamadas de pitots. A Air France já havia começado um programa de troca desses sensores em sua frota, mas a aeronave acidentada não foi reparada a tempo. A companhia diz que trabalha “sem pressupor ligação com as causas do acidente”. O Estadão informa que os tubos pitots já falharam em dois voos anteriores da Air France com Airbus 330 (o mesmo modelo da rota Rio-Paris). “Os dois incidentes foram relatados por tripulações da Air France em Air Safety Reports (ASR), o documento que registra o relatório de eventos anormais em voos comerciais”, diz a reportagem. Nos dois casos, houve problemas semelhantes ao que apontaram as mensagens automáticas enviadas pelo avião acidentado, mas os pilotos conseguiram seguir o voo sem maiores problemas.

Política 3. Indefinição sobre o pré-sal preocupa estrangeiros

Está no Valor Econômico (íntegra para assinantes). As companhias estrangeiras interessadas em participar da exploração das reservas de petróleo na camada do pré-sal começam a ficar incomodadas com a indefinição no modelo regulatório a ser adotado pelo governo brasileiro. O grupo interministerial responsável pelo modelo deve entregar o texto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o fim do mês, e o projeto pode chegar ao Congresso em agosto. Mas as empresas internacionais temem que as disputas internas dos partidos na CPI da Petrobras “contaminem” a discussão sobre as regras de exploração e prejudiquem seus interesses. Os estrangeiros estão mesmo preocupados com um eventual favorecimento à Petrobras nos contratos, o que, segundo eles, afugentaria os investimentos externos.

Economia 4. Queda do PIB deve marcar pior recessão desde Collor A variação do Produto Interno Bruto (PIB) do país entre janeiro e março deste ano será divulgada amanhã, e é muito provável que a queda fique em torno de 1,5%. Com isso, serão dois trimestres seguidos de redução da renda nacional, o que já se caracteriza como recessão. Caso a queda acumulada de 4% a 5% se confirme para esse período, será a taxa mais negativa desde que o ex-presidente Fernando Collor confiscou a poupança, em 1990. A Folha (para assinantes) faz eco a uma ponderação de especialistas, segundo os quais há peculiaridades que atenuam o mau momento econômico. “Há setores importantes que sofreram muito menos, como o de alimentos industrializados e outros que não dependem de crédito”, diz o economista Paulo Picchetti, do recém-criado comitê da Fundação Getulio Vargas para fazer a datação dos ciclos de expansão e contração da economia do país. Para Luiz Fernando Lopes, do Pátria Investimentos, a crise está mais restrita ao setor exportador.

5. Pão de Açúcar compra o Ponto Frio Numa negociação surpreendente, o Grupo Pão de Açúcar deixou para trás empresas como as Lojas Americanas e o Magazine Luiza e acertou a compra da Globex Utilidades, controladora da rede varejista Ponto Frio, por R$ 824,5 milhões. “Em comunicado, a companhia ressalta que, com essa aquisição, o Grupo Pão de Açúcar assume a liderança do varejo brasileiro, com cerca de R$ 26 bilhões de faturamento, mais de mil lojas e 79 mil funcionários”, diz o Valor Econômico (íntegra para assinantes). A presença do Pão de Açúcar na disputa pelo Ponto Frio era vista com reservas, pois os concorrentes confiavam na manutenção do foco em supermercados. O Ponto Frio deve ser mantido como um negócio à parte, mas ainda não se sabe sob qual marca.

6. Gasoduto da Petrobras custará quase o dobro do previsto O gasoduto Urucum-Manaus, um dos principais investimentos da Petrobras, deverá custar quase o dobro do que a estatal previa ao iniciar a obra, em 2006. Segundo um documento obtido pela Folha (para assinantes), o orçamento saltou de R$ 2,4 bilhões para R$ 4,58 bilhões, um aumento de 84%. A Petrobras alega que o reajuste no valor do gasoduto se deve ao uso de uma “tecnologia inédita” no transporte dos tubos, feito por aeronaves. Mas um relatório interno também aponta falhas na execução do projeto, que levaram a gastos adicionais. A notícia deve acabar se tornando munição da oposição na guerra da CPI da Petrobras. O governo que se prepare.

Mundo 7. Centro-direita é a grande vencedora das eleições europeias Com pouco destaque na mídia brasileira (justificado, em boa parte, pelo acidente da Air France), o resultado das eleições para o Parlamento Europeu é o principal assunto nos jornais do continente. E todos atentam para o triunfo dos partidos de centro-direita. Num pleito em que o índice de abstenção foi recorde (56%), “as alternativas da esquerda socialista e social-democrata à profunda recessão por que passa a Europa não se fizeram críveis e não mereceram o apoio dos eleitores”, segundo o diário espanhol El País, que traz uma grande cobertura sobre o processo eleitoral. O Partido Popular Europeu (PPE), de orientação conservadora, mantém-se como a principal força em Bruxelas, com 263 a 273 dos 785 assentos, com larga vantagem ante o Partido dos Socialistas Europeus (PSE), que deve ficar com 155 a 165 cadeiras. A direita se reforçou, por exemplo, na França, Itália, Reino Unido e Polônia.

8. Coreia do Norte condena 2 jornalistas americanas a trabalhos forçados A Suprema Corte da Coreia do Norte condenou a 12 anos de trabalhos forçados duas jornalistas americanas presas em 17 de março na região de fronteira com a China. Acusadas de “cometer hostilidades contra a nação coreana” e de entrada ilegal no país, Laura Ling e Euna Lee deverão ser submetidas a um severo tratamento nos campos de trabalho obrigatório norte-coreanos – onde, segundo entidades de direitos humanos, os presos passam fome, são agredidos e têm de cumprir jornadas desumanas. Para o jornal The New York Times, o episódio “aumenta dramaticamente o nível de confrontação com os Estados Unidos”. Mesmo que não haja chance de apelação judicial à decisão da Corte, a Casa Branca emitiu um comunicado dizendo que vai se “engajar por meio de todos os canais para garantir a libertação” das jornalistas.

9. Hezbollah perde eleições para coalizão governista no Líbano O resultado oficial só deve ser divulgado hoje, mas é dada como certa a derrota do grupo extremista Hezbollah nas eleições do Líbano, realizadas ontem. A coalizão governista 14 de março, apoiada pelos Estados Unidos, deve obter em torno de 70 das 128 cadeiras do Parlamento, e o líder sunita Saad Hariri, filho do ex-premiê Rafic Hariri (assassinado em 2005), tem tudo para ser o novo comandante do país. Em Israel, principal rival do Hezbollah, o clima ainda é de cautela, como reporta o Jerusalem Post. “É certamente um sinal positivo, mas o teste real do novo governo será o de garantir a ordem e impedir as atividades do Hezbollah no sul do país”, disse o ministro de Defesa israelense Ehud Barak.

Esporte 10. Federer é o melhor tenista de todos os tempos? Para o tenista suíço Roger Federer, faltava um título importante de Grand Slam, e faltava um título para igualar um recorde. Essa conquista veio: ao ganhar pela primeira vez Roland Garros, Federer alcançou a marca de 14 títulos de Grand Slam, o mesmo feito obtido pelo americano Pete Sampras, que se aposentou em 2002 e curiosamente não ganhou o torneio da França. Com 27 anos, Federer tem tudo para ganhar mais torneios e superar o recorde. E a declaração do próprio Federer tem todo o sentido: “Agora, a pergunta é…sou mesmo o melhor de todos os tempos? Não sabemos, mas definitivamente, há muitas coisas caminhando ao meu favor.” O francês Le Figaro não esconde sua opinião: “Roger Federer, o maior dos gigantes”.