27/10/2010

Os Novos Escribas ganha o Prêmio Esso

O livro Os novos escribas — O fenômeno do jornalismo sobre investigações no Brasil, de Solano Nascimento, foi agraciado com o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria “melhor contribuição à imprensa”. A cerimônia de premiação será no dia 18 de novembro, no Rio de Janeiro. O livro, lançado pela Arquipélago Editorial com apoio do Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade de Brasília, retrata uma tendência à substituição da apuração do próprio repórter pela publicação de dossiês e investigações de agentes oficiais. “Há uma grande diferença entre descobrir uma irregularidade e descobrir que alguém descobriu uma irregularidade”, avisa Solano Nascimento na frase de abertura deste livro provocador. Ele está se referindo a uma transformação silenciosa – e maléfica – que ocorre no jornalismo dito investigativo no Brasil: não é mais o próprio repórter que desvenda as maracutaias e falcatruas, mas autoridades que têm a obrigação de fazer isso, como policiais, promotores, procuradores e outros agentes de órgãos de fiscalização. Ao jornalista cabe apenas ter acesso àquela fita, ao tal dossiê, ao vídeo comprometedor. Para detectar essa tendência, o autor observou a cobertura jornalística dos escândalos políticos nas três principais revistas semanais do país – Veja, IstoÉ e Época – em todos os anos em que houve disputa presidencial desde a redemocratização, da eleição de Fernando Collor de Mello, em 1989, à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Com apuro científico e analítico, Solano Nascimento demonstra que a transformação do “jornalismo investigativo” no que ele chama de “jornalismo sobre investigações” é uma realidade incômoda.