06/01/2009

Novela abre debate se é possível existir o ex-gay

- 'Homossexualidade não é doença', diz psicanalista Regina Lins. - Para igreja, 'prática homossexual é entendida como pecado'. A novela "A Favorita" está chegando ao fim e, além do mistério sobre o destino que o autor João Emanuel Carneiro dará à malvada da Flora, o povo, na rua, discute o futuro de outro personagem: Orlandinho, interpretado pelo ator Iran Malfitano, que se mostra confuso em relação à sua sexualidade. "Eu acho que é uma violência total e absoluta querer interferir na orientação sexual de uma pessoa, na singularidade dessa pessoa. É a mesma coisa que se fazia antigamente com quem era canhoto", diz a psicanalista Regina Navarro Lins. . "Homossexualidade não é doença e acho que todos deviam encarar como normalidade", afirma a psicanalista. A Igreja Católica não concorda. Na antevéspera do Natal, o Papa Bento XVI, em sua saudação de fim de ano, comparou o combate ao homossexualismo ao esforço para a proteção às florestas. Segundo ele, são duas coisas importantes no século 21.. "A prática homossexual é entendida como pecado", diz Don Antonio Dias Duarte, bispo-auxiliar do Rio de Janeiro. Os evangélicos compartilham do mesmo ponto de vista e acreditam que é necessário um trabalho para transformar gays em ex-gays. "O homossexual é objeto do amor de Deus. Nós precisamos, através desse amor de Deus, trabalhar para que ele volte a ser aquilo que originalmente o homem foi criado para ser: heterossexual", explica o pastor da Igreja Batista Alexandre Macedo de Oliveira. "Sofri um abuso sexual e passei a viver no homossexualismo durante 16 anos da minha vida. (...) A igreja me apoiou de uma certa forma que eu pude vencer todo o trauma sofrido e passar a viver uma nova vida em Cristo. Precisei do apoio da minha família, dos irmãos da igreja para que eu pudesse realmente hoje poder dizer que não sou mais homossexual, e sim heterossexual", conta o cabeleireiro Guilherme Chagas da Conceição. Sérgio Viula, gay assumido, 35 anos, evangélico que chegou a ser pastor e se dedicou ao Movimento pela Sexualidade Sadia (Moses), especializado na recuperação de gays, acredita que esse tipo de trabalho não é eficiente. "A única coisa que eu consegui fazer foi me reprimir enquanto estive lá dentro. Na verdade, eu me casei. Fiquei 14 anos casado e tive 2 filhos maravilhosos. Depois me separei, assumi a minha homossexualidade e continuei amando meus filhos. Hoje eu tenho um relacionamento fixo, eles conhecem, não têm nenhuma crise com isso. Passamos o Natal juntos. Minha filha já até viajou com o meu parceiro", conta Viula. De um lado, a vida real. Do outro, a ficção da novela. Como será que vai terminar a história de Orlandinho? Fonte: G1