10/03/2009

Invasão

Encostados no dinheiro do contribuinte -gente que recebe cesta básica, transporte e outros mimos por conta do governo federal- invadiram a fazenda Aroeira, onde hoje se planta eucalipto e pertence ao grupo Votorantim, em Candiota, na fronteira do Brasil com Uruguai.

Um campo altamente produtivo e que no passado abrigou a fazenda modelo Ana Paula, que produzia uma das melhores carnes do planeta. Os mesmos desocupados invadiram essas terras, em outra época e, entre tantas que aprontaram, "carnearam" um touro premiado do plantel da cabanha. O proprietário, desgostoso por viver num país onde é crime ser bem sucedido e onde não se pune quem invade depreda e mata, vendeu as terras ao primeiro interessado e foi produzir noutro país.

Mais uma vez, esses movimentos que só têm força por serem sustentandos com o dinheiro público, que lhes é ofertado a rodo pela sucessão de governos mal intencionados que assolam este país há muito, invadem a mesma terra produtiva. Acontece que esses "movimentos" não concordam com o tipo de produção a que a terra é destinada. Primeiro, expulsaram o antigo investidor, que produzia alimento. Agora, querem impedir o atual empreendedor de plantar a matéria prima para tocar seu negócio, que rende emprego a milhares de brasileiros, por que não é alimento.

Há coerência?

Enquanto isso, na pacata cidade de Kaisheim, na Baviera, um apicultor está impedido de vender, ou até mesmo doar o produto de seu trabalho. Acontece que um exame de laboratório no mel produzido artesanalmente, revelou que uma porcentagem do mesmo originou-se de plantas de milho geneticamente modificados, da espécie MON 810, de propriedade da Monsanto.

Mesmo que não faça qualquer sentido, por não haver dano, o apicultor levou seu mel a um incinerador, onde toda sua safra virou cinzas. Pelo simples fato de que o assunto está em discussão nos tribunais alemães. Na Alemanha, como de resto na União Européia, alimentos transgênicos são proibidos. Se o mel tem alguma parcela trangênica, não serve para o consumo. É a lei. Cumpre-se, mesmo que não faça sentido, até que a justiça surja com uma decisão que modifique o que está posto.

Quanto ao produtor rural, este entrou na justiça exigindo ressarcimento das perdas e está agregando os colegas da região para levarem suas abelhas para longe dali. Se conseguir, na próxima safra, as lavouras locais não contarão com os insetos polinizadores, o que tornará seu ciclo estéril, não gerando frutos.

Talvez essa seja apenas uma das diferenças entre Alemanha e Brasil; lei se cumpre e inteligência é uma arma mais eficaz que foice comprada com dinheiro público para destruir propriedade privada.

Por Marco Poli

Obs.: Matéria extraída da NewsLetter Capital Gaucha do dia 09/03/09