04/11/2009

O medo das livrarias maranhenses

Livrarias rejeitam lançar "Honoráveis Bandidos" na terra de Sarney, diz autor

SÉRGIO RIPARDO colaboração para a Livraria da Folha

Com medo da família Sarney, nenhuma livraria em São Luís (MA) aceitou abrigar o lançamento de "Honoráveis Bandidos - Um retrato do Brasil na era Sarney", diz o jornalista Palmério Dória, autor da obra, à Livraria da Folha. O jeito foi improvisar um evento na sede do Sindicato dos Bancários, marcado para este 4 de novembro, a partir das 19h.

Além de detalhar todos os escândalos envolvendo o clã do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o livro, que está entre os mais vendidos no país, dedica um capítulo (nº 8, "O lado feminino") só para falar sobre as intimidades da família e de seu patriarca.

Na página 91, Dória escreve: "Sarney achou que seus sonhos poderiam concretizar-se em Nova York - o senador delirava só em pensar na realização de seu fetiche sexual: lambidas em seu hálux, ou, na linguagem popular, o dedão do pé. E rumou esperançoso para a capital do mundo ocidental, entre os convidados da Globo para a entrega de um daqueles prêmios internacionais, em tempos de boca-livre total."

Questionado pela Livraria da Folha sobre a fonte dessa informação, o jornalista não quis revelar. O autor diz que não é a primeira vez que sofre censura no Maranhão. Seu livro "A Candidata que Virou Picolé" (2002), sobre Roseana, filha do senador, foi colocado à venda nas bancas de São Luís, e teve todos os exemplares comprados pela família Sarney, afirma Dória, que confirmou presença no próximo dia 4 em São Luís. Será o primeiro lançamento do livro em uma capital nordestina.

Dória diz que a família Sarney não tomou nenhuma ação jurídica contra sua obra, que narra o enriquecimento de parentes e interferências na máquina pública, ao longo de décadas.

O autor afirma que seu livro também ficou de fora da exibição oficial da feira do livro da cidade de Imperatriz (637 km de São Luís). Mas Dória não mostra preocupação com a ausência de "Honoráveis Bandidos" nas livrarias maranhenses.

"Hoje dá para comprar qualquer livro pela internet."