Também fica sem efeito decisão de suspender seis alunos apontados como agressores da estudante que usou vestido curto
Em um comunicado com 58 palavras assinado pelo reitor Heitor Pinto Filho, a Universidade Bandeirante (Uniban) revogou a decisão de expulsar a aluna Geisy Villa Nova Arruda, 20 anos, tomada pelo Conselho Universitário da instituição na última sexta-feira. Com isso, a aluna do curso de turismo poderá voltar a freqüentar a faculdade. Também ficou sem efeito a decisão de suspender seis dos alunos apontados como agressores da universitária.
A Uniban não informou se pretende adotar medidas especiais de segurança para garantir que Geisy não volte a ser hostilizada pelos colegas que, no dia 22 de outubro, a perseguiram, encurralaram, xingaram e ameaçaram - inclusive de estupro -, alegadamente por causa do microvestido rosa que ela trajava.
Ontem, o assessor jurídico da Uniban, Décio Machado, afirmou que o reitor também havia participado da reunião do colegiado que decidiu expulsar a aluna. O assessor não quis comentar os motivos que levaram ao recuo da universidade.
A Uniban divulgou pelos jornais a decisão de expulsar a aluna. Em um texto com 400 palavras encimadas pelo slogan “Responsabilidade Educacional”, acusou a estudante, entre outras coisas, de freqüentar as dependências escolares “em trajes inadequados, indicando uma postura incompatível com o ambiente da universidade”.
Geisy, que deu uma entrevista coletiva ontem à tarde, defendeu-se. Nem ela nem seus advogados quiseram comentar o recuo da administração universitária.
Na coletiva, os advogados ameaçaram a universidade com processo por danos morais e materiais, além de recitarem os sete crimes que teriam sido cometidos contra a jovem: “Foi difamação, injúria, ameaça, constrangimento ilegal, cárcere privado, incitação ao crime e ato obsceno”, disse o chefe da equipe, Nehemias Melo.
Durante todo o dia, a universidade foi alvo de protestos. A Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal enviou ontem ofício à Uniban e ao Ministério Público condenando a expulsão da aluna e pedindo justificativas formais da universidade. A ministra Nilcéa Freire chamou de “arbitrariedade” o ato da Uniban, porque transformou Geisy em culpada pela agressão de que foi vítima.
O Ministério Público Federal em São Paulo abriu inquérito sobre o caso.
O Ministério da Educação notificou a Uniban para que explicasse a decisão de expulsar a aluna.
Fonte: Folhapress