28/09/2010

Dois pesos, duas medidas...

Estadão: censura tucana pode,
no Tocantins não pode

Ao que parece, o jornal utiliza dois pesos e duas medidas (grifo meu)

O Estadão dedicou sua manchete de hoje e duas páginas inteiras, sem nenhum anunciozinho, à eleição para governador no Tocantins. E o que está acontecendo lá que mereceu tanto espaço do jornalão paulista? Um desembargador do TRE local vetou a divulgação de informações sobre investigações do Ministério Público de São Paulo relacionadas ao candidato a governador pelo PMDB, Carlos Gaguim.


A decisão é realmente questionável, mas o Estadão não mostrou a mesma indignação e nem cedeu espaço comparável à decisão da Justiça Eleitoral do Paraná de impedir a divulgação de pesquisas eleitorais. Aliás, que eu visse, nem publicou uma linha.

O que será que difere um caso do outro, que levou o Estadão a se mobilizar tanto e a protestar contra censura no Tocantins e a não reagir da mesma forma no Paraná? O que terá levado o jornal a não agir com a imparcialidade que tanto apregoa?

O motivo é simples. A proibição de divulgar informações sobre as investigações do MP no Tocantins veio da coligação que apóia o candidato do PMDB e é formada por 11 partidos, entre eles o PT, como destaca o Estadão logo na chamada da primeira página. Já a decisão da Justiça Eleitoral de vetar a divulgação das pesquisas no Paraná foi pedida pela coligação do candidato Beto Richa, do PSDB, mesmo partido do candidato à presidência que o Estadão apóia.

No Paraná, Datafolha, Vox Populi e Ibope estão proibidos de terem suas pesquisas ao governo do estado divulgadas. A do Datafolha é feita em conjunto com a Folha de São Paulo. A do Vox Populi é parceria com a Band. E a do Ibope foi encomendada pela emissora de tv local RPCTV. Mas nem a associação das pesquisas com tradicionais órgãos de comunicação causou tanta indignação quanto o caso do Tocantins.

Contra ele, levantaram-se diversas vozes, como a indefectível Associação Nacional de Jornais (ANJ) e sua parceira das emissoras de televisão (Abert), assim como logo se pronunciou o candidato José Serra, afirmando que a decisão da Justiça Eleitoral do Tocantins esconde um “estelionato eleitoral de esquema político do PT”. O mais curioso é que quebraram a cara, pois a coligação do governador já foi ao Judiciário esclarecer que a proibição que pede é só para o uso eleitoral das acusações. Portanto, não pedem censura alguma aos jornais.

Se a decisão do juiz do TRE do Tocantins põde ser considerada censura à imprensa a da Justiça Eleitoral no Paraná também o é. E o tratamento diferente dado pelo Estadão e outros veículos da grande mídia ao caso revela que atribuem diferentes pesos a sua cobertura jornalística de acordo com os interesses eleitorais que defendem.

Fonte: Eu vi no Blog do Amoral Nato